Fitoterapia Ayurvédica e suas ervas mais utilizadas

Aqui você encontra descrições sobre as propriedades de algumas das ervas mais utilizadas na fitoterapia ayurvédica.
As informações aqui contidas não dispensam a procura de um terapeuta capacitado para avaliar as implicações e dosagem específicas para cada caso.

ASHWAGANDHA | Whitania somnifera

Assim como o ginseng para a medicina chinesa, a ashwagandha desempenha um papel importante dentro da fitoterapia ayurvédica. É encontrada também com o nome de “ginseng indiano”, apesar das duas plantas não estarem relacionadas botanicamente.

Ashwagandha é utilizada nos casos de fraqueza e debilidade tanto física quanto mental. De forma geral, é indicada para casos de stress, ansiedade, insônia, perda de massa muscular, para crianças em fase de crescimento, anemia, irritações de pele, perda de memória entre outras indicações. Reconhecida também como afrodisíaca que, para a medicina ayurvédica, é um termo aplicado a substâncias que melhoram a qualidade dos tecidos reprodutivos e, também, a potência sexual.

Como resultado das pesquisas realizadas com os princípios ativos presentes na planta, foi comprovada a ação antioxidante e, também está em estudo, a capacidade de proteger a atividade imunológica das células o que trará inúmeros benefícios reduzindo os efeitos colaterais nos tratamentos contra o câncer. Outras pesquisas, ainda em andamento, ponderam o possível efeito de ashwagandha na limitação do crescimento de células cancerígenas o que, possivelmente, tem relação com a propriedade anti-inflamatória presente na planta.

Dentro da ayurveda, ashwagandha é uma erva muito indicada para os desequilíbrios Vata e que também pode beneficiar os demais doshas.

A parte da planta, normalmente utilizada e a que nós utilizamos, é a raiz. De coloração clara e sabor suave pode ser ingerida com os alimentos bem como com leite ou água morna.

Rasa: amargo, adstringente e doce
Virya: aquece
Vipaka: doce
Doshas: equilibra Vata e Kapha podendo agravar Pitta, quando ingerido em excesso

De acordo ao desequilíbrio envolvido, é dada a prescrição de como ingerir, e em que momento do dia, determinada erva. Seja ela com outros alimentos, antes ou depois das refeições. Para ayurveda, essa é uma característica importante do tratamento fitoterápico que ajudará na assimilação e potencialização dos efeitos de cada erva dentro do organismo.

BRAHMI | Bacopa monnieri

Excelente rejuvenescedor para a mente e o sistema nervoso, o brahmi também é reconhecido pela sua qualidade sattvica. Sattva é a qualidade da pureza, harmonia, compaixão e que nos leva a cultivar pensamentos e atitudes altruístas.

O brahmi é muito utilizado como óleo medicado nos tratamentos de shirodhara e nasya. Na terapia shirodhara, a bacopa pode ser a única erva utilizada dentro do óleo medicado ou, estar associada com outras ervas.
De forma geral, brahmi é indicado para promover uma mente mais tranquila e aumentar a capacidade de concentração e memória. Sugere-se a utilização da bacopa para todos aqueles que buscam o estado meditativo.

Além de ser utilizado na forma de óleo medicado pode, também, ser utilizado internamente. Pesquisas referentes à planta confirmam a capacidade de aumentar o poder de concentração e a retenção de informações. Também é reconhecido como auxiliar nos tratamentos anti-stress tendo um ótimo resultado, principalmente, quando aliado a meditação.

Rasa: amargo e doce
Virya: esfria
Vipaka: doce
Doshas: equilibra todos os doshas, pode agravar Vata quando ingerido em excesso

DASHMOOL | Premna integrifólia

Dashmool, ou dashamula, é uma fórmula ayurvédica composta pelas raízes de dez plantas.
Usada, tradicionalmente, para remover o excesso de Vata dentro do organismo. Ao mesmo tempo nutre e tonifica a musculatura, acalma o sistema nervoso e promove a saúde dos pulmões. Oferece estabilidade e regulariza as funções do apana vayu.

A decocção e o óleo medicado de dashmool são utilizados em bastis internos e o resultado deste tratamento é, normalmente, sempre muito positivo.

Integra muitas composições de óleos utilizados para o alívio de dores e processos inflamatórios.
As composições com mais de uma planta, são tradicionais da fitoterapia ayurvédica. Essas associações foram utilizadas por milhares de anos e trazem consigo uma sinergia harmoniosa, o que vem a minimizar a perturbação dos doshas que não estão em foco durante o tratamento.

Tribulus terrestris

Composição:
Bilva (Aegle marmelos),
Agnimantha (Premna integrifolia),
Shyonaka (Oroxylum indicum),
Patala (Stereospermym suaveolens),
Kashmari (Gmelina arborea),
Bruhati (Solanum indicum),
Kantakari ( Solanum xanthocarpum),
Shalaparni (Desmodium gangeticum),
Prushniparni ( Uraria picta),
Gokshura (Tribulus terrestris)

Rasa: adstringente, doce
Virya: aquece
Vipaka: picante
Doshas: equilibra Vata e Kapha

ECHINACEA | Echinacea angustifolia

A echinacea é uma planta de origem norte americana. Foi muito utilizada pela população indígena no combate de infecções e no tratamento de ferimentos e, continuou sendo amplamente utilizada à nível popular até a chegada dos primeiros antibióticos.

Atualmente, continua sendo utilizada para aliviar os sintomas de gripes e resfriados bem como para encurtar a duração dos mesmos.

Echinacea é, provavelmente, um dos melhores desintoxicantes dentro da fitoterapia ocidental. Antibiótico natural com o poder de combater muitos dos “venenos” encontrados no organismo. Tem a capacidade de agir nos sistemas linfático e sanguíneo, catalisando a ação dos glóbulos brancos. Na terminologia ayurvédica, é utilizada na destruição de ama.

Diversos estudos vêm sendo realizados com a planta e os resultados sugerem que as substâncias ativas, encontradas na echinacea, potencializam a atividade do sistema imunológico, aliviam dores, reduzem inflamações, e possuem efeitos hormonais, antivirais e antioxidantes.

Outras pesquisas analisaram um grupo de pessoas que começou a ingerir echinacea ao sentir os primeiros sintomas de gripe ou resfriado. Os resultados apresentados confirmam a eficácia no alívio dos sintomas gerais e a recuperação de um estado saudável muito mais rápido do que quando comparados com o grupo não medicado com echinacea.
Também é utilizada dentro dos tratamentos de infecções respiratórias e urinárias.
Os princípios ativos estão presentes em toda a extensão da planta.
A echinacea também pode ser ingerida na forma de chá ou tintura.

Rasa: amarg e picante
Virya: esfria
Vipaka: picante
Doshas: equilibra Pitta e Kapha podendo agravar Vata

GOTU KOLA | Centella asiática

A centella é uma planta de origem indiana mas que também pode ser encontrada em muitos outros continentes, inclusive, no Brasil. Possui como sinônimo botânico a Hidrocotyle asiática.

Para a medicina ayurvédica, é uma das principais plantas utilizadas para a revitalização das células cerebrais, dos nervos e das glândulas endócrinas. É utilizada para, aumentar o poder de memória, a longevidade, fortificar o sistema imunológico, manter a pele e os cabelos saudáveis bem como, para purificar o sangue. Gotu kola é um tônico rejuvenescedor para Pitta e, ao mesmo tempo, tem a capacidade de inibir Vata e ajudar a remover o excesso de Kapha. Sattvica por natureza, é comumente chamada de alimento dos yogis, pois, desperta o chakra coronário e ajuda a manter o equilíbrio entre os dois hemisférios do cérebro auxiliando assim, a prática da meditação.

As folhas da centella são consumidas como alimento, chás e utilizadas amplamente pela indústria farmacêutica.
Atua normalizando a produção de colágeno e promovendo o reestabelecimento de uma trama normal e flexível. Desta forma, proporciona a normalização das trocas metabólicas entre a corrente sanguínea a as células do tecido adiposo. Esta propriedade terapêutica expandiu a utilização da centella nos tratamentos estéticos e regenerativos, sendo utilizada em casos de eczemas, úlceras varicosas, rachaduras da pele e celulite.

Rasa: amargo, adstringente, doce
Virya: esfria
Vipaka: doce
Doshas: promove o equilíbrio de todos os doshas

JATAMANSI | Nardostachys jatamansi

O jatamansi é uma planta de altitude, da família Valerian e que cresce nos Himalayas da China, Índia e Nepal. O rizoma da planta é a parte utilizada por suas propriedades medicinais.

Famoso, dentro da medicina ayurvédica, no combate ao stress em geral do organismo e como rejuvenescedor do sistema nervoso. A aplicação do jatamansi estende-se pelo campo das doenças psicossomáticas e, alguns estudos, referem-se a utilização da planta no tratamento de doenças como mal de Alzheimer. Também é utilizado no tratamento de doenças de pele, para a saúde, crescimento e manutenção da cor dos cabelos. Vários textos mencionam uma mudança de “brilho”, o que viria a envolver a pessoa por completo.

O óleo medicado de jatamansi, quando utilizado na terapia shirodhara, traz resultados profundos na esfera emocional. Utilizado para aliviar sentimentos de dor, perda e para harmonizar casos agravados de Vata. Auxilia também, casos de insônia, angústia e dificuldades mentais.

Rasa: amargo, adstringente, doce
Virya: esfria
Vipaka: picante
Doshas: pacifica todos os doshas

NEEM | Azadirachta indica

O neem é uma árvore de grande porte, nativa de todo o subcontinente indiano. Além de fornecer madeira (é uma planta que pertence a família do mogno e do cedro), é muito conhecida por suas propriedades medicinais e terapêuticas encontradas nas sementes, folhas, casca e frutos.

Popularmente, é bastante utilizado na agricultura orgânica para o combate de pragas e fungos. Neste caso, o neem não provoca a morte imediata do inseto, mas a interrupção do seu crescimento e consequente diminuição da população da praga infestante.

Faz parte da farmacopeia ayurvédica, como uma das plantas mais eficientes para os processos de desintoxicação e purificação do sangue. O neem pode ser ingerido ou utilizado topicamente em forma de pomadas e óleos medicados. É eficaz no combate de diversos fungos, micoses e demais desequilíbrios que atingem a pele como acne, eczemas, furunculose, dermatite, herpes, picadas de insetos e pequenos ferimentos. Algumas culturas orientais utilizam o neem no combate a piolhos e vermes. Existem muitas pastas dentífricas com neem e isto se deve as propriedades antissépticas, anti-inflamatórias e a comprovada ação na redução das placas bacterianas.

São muitas as propriedades encontradas nesta planta e, devido a este motivo, promove ótimos resultados em diversos casos. Em geral, o neem pode ser utilizado em todos os processos que envolvam purificação e redução (remove o excesso dos tecidos).

Rasa: amargo
Virya: esfria
Vipaka: picante
Doshas: reduz Pitta e Kapha podendo agravar Vata, quando utilizado em excesso

PSYLLIUM | Plantago ovata

O psyllium é uma fonte natural de fibras solúveis e insolúveis, mucilagens e óleos. As fibras solúveis são aquelas que, em contato com um meio aquoso, transformam-se em uma espécie de gel ajudando, desta forma, a regularizar o funcionamento intestinal. Já as fibras insolúveis, transitam rapidamente pelo organismo e permanecem praticamente intactas durante todo o processo. Estimulam a movimentação do intestino e diminuem o tempo que as fezes permanecem no organismo.

O psyllium age como um laxante suave, emoliente e demulcente. É indicado para os casos de obstipação crônica, hemorroidas, gravidez, períodos pós operatórios, colites e diverticulites. Por aumentar o volume fecal e normalizar o tempo do trânsito intestinal, devido as fibras insolúveis presentes no psyllium, também é indicado para controlar casos de diarréia.

Retarda tanto o esvaziamento gástrico como a absorção de glicose a partir do intestino delgado mantendo níveis saudáveis de açúcar na corrente sanguínea.

Em estudos realizados, o psyllium demonstrou possuir a propriedade de reduzir o colesterol sérico total, reduzindo o LDL-colesterol e aumentando o HDL-colesterol.

Quando ingerido antes das refeições, pode reduzir a sensação de fome, por aumentar de volume quando em contato com o alimento, criando um efeito de saciedade em dietas de baixa caloria. O aumento da viscosidade do alimento, quando em contato com as fibras solúveis do psyllium, reduz a interação entre os nutrientes dos alimentos e as enzimas digestivas, e com isto, ocorre um retardamento na absorção de alguns substratos energéticos pelo intestino.
Não apresenta contraindicação alguma quando usado durante a gravidez e o período de amamentação.
Manter a regularidade intestinal previne uma série de doenças crônico-degenerativas.

O psyllium tem uma qualidade pesada e por isto, possui a tendência de reduzir o agni. Quando utilizado em tratamentos de longa duração, é recomendada a utilização de estimulantes digestivos para manter o agni ativo.
A casca da semente do psyllium é a parte utilizada da planta para fins medicinais. A mesma não tem um sabor pronunciado e pode ser facilmente consumida quando misturada com água ou outros alimentos (deve ser consumida imediatamente após ser misturada a água ou outro alimento, caso contrário, a mistura fica muito viscosa e, esta característica, dificulta a ingestão do medicamento).

Rasa: doce
Vyria: esfria
Vipaka: doce
Doshas: equilibra Vata e Pitta, podendo aumentar Kapha

SAFFRONAÇAFRÃO ESPANHOL| Crocus sativus

O açafrão espanhol, utilizado na culinária e para fins medicinais, é o estigma da flor Crocus sativus. Esta planta é cultivada na Índia, Espanha, França, Itália e no Oriente Médio. Toda a colheita do açafrão é feita manualmente, desde a retirada das flores, a separação dos estigmas até a secagem dos mesmos. Para meio quilo de açafrão, necessita-se uma quantidade maior do que 200.000 estigmas sendo que cada flor produz, em média, 3 ou 4. Este é um dos motivos que torna o açafrão uma das ervas mais caras comercializadas atualmente. Para fins medicinais, a dosagem diária recomendada é de 100 a 250mg, ou seja, é uma dosagem pequena que permite, apesar do alto custo do produto, atingir os benefícios medicinais provenientes da planta.

As propriedades do açafrão são amplamente reconhecidas pela medicina ayurvédica e muitos outros sistemas de saúde. É um tônico para o sistema circulatório, o sistema reprodutivo e para o metabolismo de forma generalizada. O açafrão é uma das melhores plantas anti-Pitta e que auxilia a regular o funcionamento do baço e do fígado. Afrodisíaca, vajikarana, principalmente para a mulher. Associado a outras ervas, mesmo em quantidades pequenas, o açafrão possui a capacidade de potencializar os efeitos tônicos das outras plantas ingeridas.

Existem estudos comparativos entre a fluoxetina (medicamento antidepressivo) e o açafrão. Os resultados demonstram a eficácia do açafrão como forma de tratamento para os casos de depressão, bem como para epilepsia.

Pode ser utilizado topicamente para melhorar a condição da pele em geral. Muitas pomadas de açafrão (kumkumadi taila) são produzidas na Índia para o tratamento de acne, manchas e marcas de expressão.

É um poderoso tratamento para os desequilíbrios menstruais. Nos casos de amenorreia, o uso diário de açafrão, auxilia a regularizar o fluxo menstrual. Mulheres que começam a consumir o açafrão percebem claramente a diferença na qualidade do sangue menstrual.

Não é indicado para gestantes.

Também é muito utilizado para amenizar desequilíbrios digestivos, aliviar tosses e problemas respiratórios, reduzir febres e inflamações além de ser considerado um tônico para o coração e para o sistema nervoso.

Rasa: picante, amargo e doce
Virya: esfria
Vipaka: doce
Doshas: beneficia todos os doshas

SHATAVARI | Asparagus racemosus

O shatavari é uma planta encontrada nas baixas altitudes e climas tropicais da Índia.

Recentemente, estudos comprovaram a presença de fito estrogênios, (substâncias encontradas nas plantas que possuem efeitos biológicos semelhantes ao dos estrogênios) no shatavari, e esta descoberta popularizou o uso do mesmo entre as mulheres ocidentais.

O shatavari é uma planta importante da farmacopeia ayurvédica e, apesar de seus inúmeros benefícios para a saúde da mulher, também é excelente para o sistema reprodutivo masculino por melhorar a qualidade da produção de fluídos seminais e auxiliar o tratamento dos casos de infertilidade.

Rasayana para as pessoas de natureza Pitta, atua diretamente no sangue e é um ótimo demulcente para as membranas secas e inflamadas dos pulmões, estômago, rins e orgãos sexuais.

Para as mulheres, o shatavari é um medicamento especial pois mantém a saúde e o equilíbrio dos processos hormonais femininos durante todos os períodos da vida. Melhora os sintomas mentruais aliviando cólicas, TPM e regularizando o próprio fluxo menstrual. É uma planta indicada para os períodos anteriores a gestação desde que, constrói um útero e óvulos saudáveis para o futuro embrião. Também pode ser ingerido durante a gravidez, neste caso, muitos estudos comprovaram que o shatavari auxilia as gestações de risco, reduzindo os casos de abortos naturais e aumentando a porcentagem de sucesso em partos complicados. Aumenta a produção de leite materno durante o período da amamentação.
O shatavari também é utilizado durante a menopausa, e devido aos fito estrogênios presentes na planta, ameniza os sintomas característicos desta fase.

É uma planta sattvica que promove um estado de amor e devoção.
A raiz do shatavari é a parte da planta que contém as propriedades medicinais e pode ser encontrada desidratada ou em pó.

Rasa: doce e amargo
Virya: esfria
Vipaka: doce
Doshas: equilibra Vata e Pitta mas pode agravar Kapha devido a sua qualidade pesada

TRIPHALA

A triphala é um famoso rasayana ayurvédico formulado a partir da soma dos frutos de tres plantas diferentes:

Amalaki (Emblica officinalis), Bibhitaki (Terminalia belerica) e Haritaki (Terminalia chebula).

Esta composição vem sendo utilizada por milhares de anos no continente indiano e pode-se afirmar, que é uma das fórmulas mais conhecidas dentro da fitoterapia ayurvédica. A interação de plantas para compor uma fórmula, potencializa o efeito das mesmas além de gerar um resultado singular proveniente desta mistura, e este é o motivo pelo qual a triphala guarda alguns segredos.

O fruto do amalaki, amla, é um dos principais componentes da fórmula Chyawanprash. Amalaki é tradicionalmente utilizado para equilibrar o sistema digestivo e é um rejuvenescedor para o organismo em geral. Tem a propriedade de esfriar (rasayana para Pitta) e por isto, é utilizado no tratamento de úlceras, gastrites, refluxo e colites. Age como um anti-inflamatório natural protegendo as membranas do aparelho digestivo e ajuda a regularizar o funcionamento dos intestinos. Alguns estudos já comprovaram a eficácia do uso de amalaki nos tratamentos para reduzir as taxas de colesterol.

Bibhitaki é um tônico para Kapha melhorando a condição dos órgãos aonde este dosha tende a acumular-se, como pulmões, fígado, trato urinário, região nasal e os seios da face (sinus). Melhora a voz e a visão, estimula o crescimento dos cabelos, remove o excesso de muco do organismo, equilibra o níveis de colesterol e também, possui ação anti-inflamatória. Mesmo possuindo a capacidade de aquecer (virya), não desequilibra o Pitta dosha.

O haritaki é outra importante planta para manter a saúde do organismo e o equilíbrio entre os doshas. Usado para desequilíbrios Vata em geral, o haritaki estimula o sistema digestivo e regulariza a função intestinal removendo o excesso deste dosha. O haritaki possui propriedades laxativas mais fortes do que os outros frutos que formam a triphala. É um rejuvenescedor que nutre e vitaliza os tecidos do cólon, pulmões, fígado e do baço bem como o sistema nervoso e o cérebro.

Além de todos os benefícios descritos acima e presentes nos frutos que compõe a triphala, a maneira como este medicamento age no organismo pode ser ainda mais aprofundada.

A sinergia entre os tres frutos faz da triphala, um medicamento adequado para todos os doshas. Muitas vezes, o uso da triphala é indicado para problemas de constipação. Além das propriedades laxativas, a triphala equilibra o organismo durante todo o processo digestivo rejuvenescendo os órgãos envolvidos. Rejuvenescer um órgão é trazer a harmonia para que os tecidos e demais sistemas, efetuem suas funções apropriadamente. O desequilíbrio destas funções é o que traz doenças ao organismo e devido a isto, o uso de ervas rejuvenescedoras previne o acontecimento de muitos destes desequilíbrios (remove os doshas em excesso). Como exemplo deste funcionamento, a triphala é utilizada em casos de constipação e em alguns casos de diarreia. Apesar de serem desequilíbrios opostos, o rejuvenescimento da estrutura intestinal, com o uso da triphala, regulariza o funcionamento deste órgão. A triphala é um composto muito utilizado na Índia com intuito de promover a longevidade. Pode ser utilizada por crianças maiores de tres anos, adultos e idosos. Não vicia o organismo e pode, desta forma, ser utilizada por longos períodos ininterruptamente. A única contra indicação do uso de triphala é durante a gestação.

Além dos benefícios anteriormente citados, a triphala é utilizada em tratamentos para melhorar a visão e para controle de peso. Possui propriedades antioxidantes, antialérgicas e antiespasmódicas.
Rasa: doce, ácido, picante, amargo e adstringente

Virya: neutro
Vipaka: doce
Doshas: equilibra todos os doshas

VACHA VEKHAND | Acorus calamus

Vacha ou vekhand são dois dos muitos nomes utilizados dentro do continente indiano, para designar a planta Acorus calamus.

Desde 1968, o calamus foi banido para a utilização medicinal e alimentícia pelo órgão conhecido como United States Food and Drug Administration (F.D.A.). Apesar disto, o calamus vem sendo utilizado a milhares de anos dentro da Índia e em alguns outros continentes.

Para a medicina ayurvédica, a raiz do calamus é um potente rejuvenescedor para o cérebro e para o sistema nervoso, que purifica e revitaliza os mesmos. É utilizado na harmonização do Vata dosha e também para o Kapha dosha. O calamu limpa os canais sutis desobstruindo-os e removendo ama (toxinas). Aumenta a circulação cerebral, o que vem a melhorar a capacidade de memória e concentração. É uma planta sattvica muito utilizada para equilibrar a mente. Pode ser associado ao brahmi ou gotu kola, nos tratamentos de desequilíbrios mentais.

O pó da raíz de calamus é utilizado dentro da culinária em várias culturas e ayurvedicamente, funciona como antídoto para alimentos pesados e como estimulante digestivo. Normaliza e regulariza o apetite podendo ser utilizado em casos de anorexia.

Dentro da medicina ayurvédica, o calamus é utilizada como óleo medicado, em pastas ou o pó. No tratamento nasya, o calamus, em pó ou óleo medicado, é utilizado nos casos de congestão nasal, para desequilíbrios Vata e perturbações mentais. É indicado para a manutenção dos tratamentos de sinusites e rinites.
Como óleo medicado, é utilizado nos tratamentos de massagem auxiliando processos inflamatórios e a remoção de toxinas. O pó da raíz de calamus faz parte da Yoga Massagem e Garshana agindo como esfoliante e estimulante circulatório além de propiciar o aquecimento da musculatura facilitando, desta forma, as manobras e os alongamentos utilizados durante as sessões.

O calamus não é recomendado para gestantes.

Devido a falta de estudos que comprovem a toxidade do calamus, sugerimos não utilizá-lo como alimento.

Rasa: picante, amargo
Virya: aquece
Vipaka: picante
Doshas: equilibra Vata e Kapha, podendo agravar Pitta

As informações  destes textos, foram extraídos de vários autores e também, da experiência clínica e aplicada dos nossos terapeutas e foram compilados pela maravilhosa terapeuta ayurveda Marília Campello.  Sendo, desta forma, impossível especificar todas as fontes.Um ótimo livro para quem deseja aprofundar-se mais nos assuntos referentes a fitoterapia ayurvédica, é o “The Yoga of Herbs”, escrito por Dr. David Frawley e Dr. Vasant Lad.

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